Gravador e Amor
O pulmão carrega as marcas de uma história intensamente construída. Que agora ganha novos capítulos, prefácio, traduções, epígrafes, reproduções, cópias e posfácio indefinido. O filho repousa no cabide preso à cadeira dobrável de madeira. Ainda estamos em contato, mesmo que não seja ideal. O cachorro, ao lado, reage as suas novas pulgas. O gato invade o quarto e, sorrateiramente, deita na cama recém feita. Lençol limpo, poucos fios. Não temos controle. Eles são os anjos.
Falando em imaculados, percebemos simultaneamente nossas movimentações. Em junho deste ano Mihay vestiu pele, corpos, suor e bifurcações. O paletó vestiu Mihay e encarnamos a comunhão dos sentidos, direcionados e remodelados pelos olhos de Adriano. Encarnamos o que temos de mais íntimo para construir a imagem. Quase sempre no outro. O que vemos é o que somos. Foi (é) ritualístico e genuíno. Gravamos, recordamos e produzimos ao som de uma melancólica nostalgia. Até ficarmos tontos demais.
A luz acabou.
*Nossas secretas performances-autorretrato basicamente travestidas de foto de divulgação.
13/09/2016
Arame, cimento e roupa de látex.
Linha de algodão
Trabalho feito para lançamento do álbum "Gravador e Amor", do músico Mihay, em parceria com o fotógrafo Adriano Fagundes.
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